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Nina, a mulher preta, resistente que afrontava numa época extremamente racista e machista, tinha uma imagem forte mudou de nome ao começar a cantar em cabarés escondida de seus pais, saiu da Carolina do Norte para ser imortalizada no mundo cantando jazz, blues, folk, soul.  A  princípio começou a cantar Blues temporariamente, enquanto treinava para tornar-se uma pianista clássica, em bares de Nova York,Filadélfia e Atlantic City, escondida de seus pais . Seu nome de batismo: Eunice Kathleen Waymon, "Nina" veio do espanhol de menina apelido recebido de um namorado, e "Simone" foi uma homenagem à atriz francesa Simone Signoret. Foi a sexta de oito filhos, sendo sua mãe uma ministra metodista e seu pai um marceneiro.

Nina era absolutamente comprometida em mudar o mundo à sua volta, tinha visão e postura revolucionária e transparecia isso! Foi ativista dos direitos civis desde pequena, eu sempre digo que a revolução está principalmente nos pequenos atos, nos detalhes; Em seu primeiro recital aos 11 anos de idade solicitou que seus pais fossem deslocados das últimas fileiras da platéia para perto do palco, já que não tocaria sem vê-los, o que contrariava os costumes racistas da época em que aos negros eram destinados somente os últimos assentos.
Aos 17 anos de idade Nina não foi aceita no Curtis Institute of Music, um conservatório de música clássica, apesar de ter sido uma das primeiras artistas negras a ingressar na renomada Escola de Música de Juilliard, em Nova Iorque ninguém tirou da cabeça dela que a rejeição acontecera por ser uma mulher negra.


Nina Simone sofreu preconceito por ser negra e também sofreu violência familiar, seu marido que era policial batia nela, E segundo ela, o problema era pela cor da sua pele.  Tudo isso pode ser ouvido, visto e sentido no seu piano nada fala e mostra mais Nina Simone do que as músicas da própria! Cantava o que vivia e no que acreditava, a presença dela em si já era revolução.
Ativista nata, sua música tem alma, com uma capacidade incrível de passar o que sentia pra música, considero todos os sons de Nina iguais a sua imagem e existência: FORTE!  Four Women por exemplo, conta a vida de diferentes mulheres, com diferentes histórias de vida algumas mais sofridas do que outras, de diferentes raças, mas que não tiveram voz, não sem Nina. Ain't Go No/I Got Life é um símbolo de luta, de resistência. Aqui, Nina está sem casa, sem sapato, sem dinheiro, mas tem o seu cabelo, a sua pele, e tem a si mesma!  I Want a Little Sugar in my Bowl é um desabafo: quem nunca quis que o mundo girasse ao seu redor ao menos uma vez? Quem nunca quis um pouco de açúcar em sua tigela? Ainda mais, quem sofreu tanto... Nina também gravou e emprestou sua voz a famosas canções que tomaram uma alma própria com sua interpretação, como Here Comes The Sun dos Beatles, e Suzanne de Leonard Cohen.


O amor, a escravidão, o ser mulher, a resistência, a persistência, tudo isso ela expressou! Seja compondo ou interpretando, Nina fala sobre a verdade, bonita  e sofrível ao mesmo tempo é sua arte, Nina não foi um grande ser humano somente por lutar contra um mundo racista e machista, mas também e principalmente por cantar com o coração, por cantar com verdade tudo aquilo em que vivia. Por fazer aqueles que têm o imenso prazer de escutá-la serem transportados para o mundo dessa maravilhosa cantora e acreditarem em suas angústias. Um cantor é uma contador de histórias, um ator, e deve fazer quem o escutar acreditar no que se canta. E pouquíssimos tiveram - ou têm a capacidade que Nina Simone teve de levar-nos ao seu mundo, de nos fazer viver e sofrer com ela.


“Quero morrer aos 70, depois disso não há mais nada a ser vivido.’’

Sua canção Mississippi Goddamn  tornou-se um hino ativista da causa negra  e a apresentação foi histórica!  fala sobre o assassinato de quatro crianças negras em igreja de Birmingham em 1963,( Música que infelizmente nos identificamos até hoje, genocídio é uma realidade)  Ao se apresentar em evento militar em Forte Dix, Nova Jersey, em 1971, em plena Guerra do Vietnã, Nina Simone deu voz àqueles que eram contrários ao conflito, quando cantou um poema em que Deus é chamado de assassino, após 18 minutos de My Sweet Lord, de George Harrrison.

 Morreu enquanto dormia aos 70 anos como queria em Carry-le-Rouet em 2003, após lutar por vários anos contra o câncer de mama.
Na minha visão, se a música e personalidade de Nina Simone pudesse ser resumida em uma imagem, seria um punho cerrado segurando flores, com seus espinhos e tudo!

(Tracie)
Espero que tenham gostado e que escutem Nina Simone! essa semana tem mais post, mmmuaaaaaaack! ;*