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Olá! gente,a Tracie fez há um tempo atrás um post na plataforma Meio Fio com algumas reflexões sobre nossa experiência na escola,é um texto muito importante que sentimos vontade de repostar pra vocês!
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"Hoje em dia enxergo e consigo entender totalmente pessoas travadas e que pensam dentro da caixa, pessoas que precisam seguir um padrão e vivem a margem de tendências manipuladas e morrendo de medo de serem elas mesmas... Pelo menos parte disso na minha opinião tem a ver não só com a criação mas com a escola também, posso falar pela minha geração pelo menos, veja bem; sempre fomos muito interessadas por livros, revistas, quadrinhos e pedíamos pra nossa mãe ler pra gente o que nem sempre rolava e quando rolava a gente achava que ela estava mentindo a história  pra ir mais rápido rs então aprendemos até que rápido a ler e na primeira série lemos nosso primeiro livro, juntas, lemos de ponta a ponta  “Abusado” de Cacco Barcelos desde então nos víamos famintas de leitura e escrita, escrevíamos muitas coisas, histórias, diários, enfim...  Eu lembro de na primeira ou segunda série enquanto estudávamos na escola Clóvis no Boi Malhado (que era uma escola pública bem grande com espaços e potencial incrível que só foi explorado em época de eleições, hoje a escola não existe mais por abandono do governo) que uma contadora de histórias foi na escola, eu lembro até hoje, até  da cara dela, eu tenho esse como um dos melhores dias da minha vida, lembro do quanto gostei daquilo... mas ao mesmo tempo lembro que  grande decepção foi esperar que aquilo acontecesse de novo... A vida seguiu e estávamos na escola estadual Pizão onde tínhamos aulas de arte e literatura (literatura as vezes né)as aulas de arte consistiam em praticamente nos mandar copiar grandes obras e as notas eram dadas de acordo com a proximidade que seu desenho, sua obra, tinha de uma obra de um  artista “renomado” Tarsila do Amaral e Picasso, essas coisas, pra mim a parte de ensinar teoria e técnica da arte ta ok, mas até o ensino médio eu me lembro de ser a mesma palhaçada sem sentido de nos fazer tentar copiar um artista pra nos dar nota, medindo nossa capacidade por semelhança, nos fazendo pensar dentro de uma caixa e nos passando a mensagem de  que pra ser bom temos que fazer algo igual ao de alguém que foi bem sucedido, ao invés de estimularem o conhecimento próprio e expressão, a liberdade, a interpretação de tal arte pela visão de cada um, até porque arte é singular, é a extensão do ser, quem é alguém pra dizer que tal arte é boa ou não, se ela é uma criação única né... Sem contar que eu tive que roubar livros pra poder realmente ler algo que vinha de lá... Esse não é um discurso anti-escola, muito pelo contrário, porque eu sempre estudei e estudo bastante, e conhecimento é poder, é arma poderosa! Isso  é um relato do que me entristece e não quero pros meus irmãos, eu tive UM professor que respeitou a minha individualidade, professor Marcelo de História na escola Leme do Prado acho que na sexta série... e ele é o único que realmente me fazia pensar ao invés de decorar e copiar coisas...  A escola que eu conheci me deprimiu porque ela basicamente me dizia que eu podía escolher ser só uma coisa e que tínhamos que seguir um certo caminho pra conseguir, pra ser “alguém” senão o resultado seria um só: o fracasso ou seja, quando você não se encaixa em lugar nenhum ou em profissão nenhuma você já aceita que é um fracassado,  não é “Alguém na vida,”  você corre pra fazer qualquer coisa mais ou menos que te dê o titulo de “Alguém” na visão dos outros mesmo que por dentro você se sinta ninguém ou outra pessoa que não é você, um curso qualquer, uma faculdade só por fazer, nem sei dizer quantas pessoas eu conheço que  fazem cursos e faculdades só pra provar que podem ser “Alguém” sem ter ao menos descoberto quem é esse alguém que você quer ser,  o que nos passavam era que não estavam nem ai pra gente e quando estavam era mais uma coisa de controle do que real amor ou no mínimo preocupação com o nosso desenvolvimento e sucesso real, queriam fazer de nós e eu e a Tasha não sabiamos o que queríamos ser, só sabíamos o que amávamos...
Por um bom tempo eu me senti fracassada e perdida, porque o mundo e os professores me diziam que eu não podia ser tudo, o desencorajamento era constante, não seria possível viver do que se ama, se pá saber o que se ama nem era importante, ou tem que ser hobby, infelizmente eu não vi a minha escola fazer um aluno acreditar em si mesmo, eu aprendi tudo com a liberdade a rua.
Exigiam que eu, uma adolescente em crise escrevesse todo ano pelo menos 3 vezes uma redação entitulada “ quem sou eu”  e isso me matava,  eu falava qualquer groselha pra preencher linha tipo, “eu moro num bairro bla bla bla”porque eu ainda nem sabia quem eu era, e não tinha que saber também , mas eu me sentia pressionada a saber e me sentia um lixo por não saber, mas a partir do momento que eu comecei a me conhecer me desprender da verdade alheia e me aceitar ganhei uma convicção tão grande, que entendi que eu não precisava querer satisfazer as expectativas que as pessoas colocavam em mim e muito menos seguir imposições, porque quem dorme comigo todo dia e lida com  a felicidade ou infelicidade que EU conquisto sou eu, eu não preciso saber exatamente o que eu quero e nem querer uma coisa só eu quero fazer muito, eu vou fazer muito, não importa se eu quero fazer uma coisa que ainda não existe vou ser bem sucedida  não importa qual seja minha  escolha...
Desde que seja algo que realmente venha de mim, porque se vem de mim eu vou dominar, varias pessoas até hoje tentam me reprimir e me fazer sentir menor por não seguir o que elas julgam “a coisa certa” mas eu agradeço a minha mãe que aprendeu com a criação repressora que teve a não nos limitar e nos impedir de desenvolver nossa vivência, e de me deixar ter meus amores, não julgar minha música, meu desenho, minha escrita, meu canto, minha dança nem nada que vem de mim... minha mãe é responsável por eu me conhecer e me sentir tão bem, e se eu dependesse da escola e de outras pessoas eu seria “Alguém” bem infeliz, teria abraçado a falta de confiança e auto estima até hoje, enfim...  só um relato, com todo respeito aos professores.
A melhor professora pra mim foi a rua, a música e a Rose rainha!!"





Indicamos também que vocês assistam o doc "Educação proibida" que é super importante,ele explica por exemplo,que a instituição de ensino foi patrocinada por donos de fábricas,e é só mais um braço do sistema...se você for pai ou mãe, é indispensável!